Um amor chamado Tomás ♡

Foste muito desejado mas vieste inesperadamente rápido. Como algo que se quer muito na vida mas dificilmente acreditamos que seremos dignos de ter. Engravidar, por norma, é um sonho comum nas mulheres. Está na nossa natureza mas há quem goste de pensar que é uma escolha e tem todo o direito. 
Durante muitos anos, também me contentei só a apreciar os filhos dos outros e, claro, era impossível não me deliciar com eles. Mas quando se pensa na vida e nas voltas que esta pode dar, por caminhos por vezes tão duros e desesperantes, o medo apodera-se de nós e não temos vontade de tentar o que seja.
Nunca tinha tentado engravidar antes. Houve uma vez em que ainda ponderei fazê-lo, mas o intuito era tentar a salvação de uma relação que, no fundo, já estava há muito perdida. Não tinha de ser assim. No meu entender, desejar um filho deve ser apenas deste princípio: desejar criar um novo ser e não apenas trazê-lo ao mundo, só porque necessitamos de salvar o que seja, ou porque nos sentimos sozinhos, ou porque estamos a ficar velhos ou porque talvez a família faça muita pressão... Não! Ter um filho deve ser um acto de consciência e amor. Apenas e só isto. Consciência da responsabilidade, dos perigos e aceitação de que deixaremos de ser nós a prioridade. E um acto de amor, obviamente, porque ninguém deve criar um filho sem ser com todo o amor possível. Nem deve estar só enquanto o faz, porque todos precisamos do apoio de alguém que tenha esse mesmo desejo e certeza. 
Sendo felizes no amor que recebemos, teremos todo o amor para dar a quem de nós depende.
Por isso, posso dizer-te com toda a consciência e amor, meu bebé: foste e és um filho muito desejado!
Tudo se proporcionou para que te tornasses uma prioridade. Eu e o pai, mal nos começámos a conhecer, depressa percebemos que nos encaixávamos na perfeição. Soubemos também que não iríamos esperar muito tempo até tentar ter um bebé. Temos amor de sobra dentro de nós e queremos muito que esse amor cresça a cada dia em ti.
Foste muito desejado, sim, mesmo sem esquecermos que a vida é complicada e que exige muito trabalho, só para podermos dar-te tudo o que precisas para que cresças bem. Ainda assim, não nos acobardámos, nem desistimos de ti.
Quando resolvemos que eu deveria deixar a pílula de parte, já me achava velha e cansada demais para poder engravidar. Estava com 38 anos e passei o Verão de 2017 muito doente, como nunca antes na vida. Fez muito calor e a minha tensão desceu abruptamente, sem ninguém saber qual a causa. Fiz análises, exames e despistes. Até que tive de levar soro e só assim melhorei. Ninguém me disse mas acredito que o facto de ter deixado de tomar a pílula tenha descontrolado o meu corpo. Achas que a voltei a tomar? :)
Aos poucos, a minha disposição foi voltando ao normal, fiquei mais forte e até engordei, sem saber bem como. No final do ano, o meu apetite estava completamente ao rubro! Sentia-me diferente mas, ao mesmo tempo, mais feliz comigo. O teu pai desconfiou e atirou para o ar várias vezes que eu estaria grávida. Eu dizia logo que não. Achava que era demasiado cedo, depois de tantos problemas. Mas secretamente, queria mesmo muito que ele tivesse razão... Cheguei a fazer alguns testes de gravidez, na esperança de ser verdade mas nunca eram conclusivos. Foi uma frustração.
Até que chegou o Dia do pai. Nessa semana, dei por mim a olhar-me ao espelho e a sentir que o meu corpo estava realmente a mudar. Fui à farmácia. O período já não vinha há uns 2 meses ou mais até e eu estava decidida a tentar novos testes, embora a minha menstruação nunca tivesse sido certinha sem a pílula. Coisas de mulher, mas que um dia te poderei explicar, se tiveres curiosidade.
Assim que o teu pai chegou do trabalho, foi o que fizemos logo, mesmo que a tremer. Fiz xixi para um copinho esterilizado que também trouxe da farmácia, para ser tudo bem feito! Um teste feito de cada vez e... ambos deram positivo. E assim começou para nós. No Dia do Pai, o teu pai recebeu a melhor das notícias, abraçado a mim no wc, enquanto eu chorava de felicidade e de medo e de excitação e surpresa, e por aí fora...
Feitas as contas na ecografia dessa semana, já estavas cá dentro há 16 semanas! Ou seja, foram 3 meses de uma gravidez silenciosa, absolutamente tranquila, sem enjoos ou azia, apenas muito apetite. Confesso que fiz muitos disparates sem saber, filho, mas não podia adivinhar, desculpa. Saí à noite com o pai e os nossos amigos. Bebi álcool, comi sushi, ovos moles e vegetais simplesmente passados por água. Tomei medicação, nomeadamente antibióticos e levei anestesias fortes devido ao dente do ciso que tive de arrancar. Limpei os cocós dos nossos gatos sem desinfectar as mãos, ou seja, como não sou imune à toxoplasmose, tudo isto podia ter sido e ainda poderá ser, no futuro, um problema grave para o teu desenvolvimento. Tudo porque saciei as minhas vontades e necessidades sem saber que já te tinha cá dentro. Só a partir do momento que soubemos que cá estavas, tudo mudou. Comigo isso não funcionou só no pós parto depois de te ver, como acontece com muitas mulheres. Não, para mim, já existes e precisas que eu saiba cuidar de nós. Tudo já passou a ser por ti e para ti, filho, disso podes ter a certeza. E já rezei muito para que estivesses bem de saúde, depois de todos os disparates que cometi mesmo sem saber.
Com a idade que já tenho, julgo que serás o meu único bebé e quero muito que venhas com saúde. 
Sabes que o pai gostaria de ter muitos mais filhos porque já está habituado a lidar com crianças.
Além disso, fazer filhos não custa nada, não é?! Um dia, vais saber do que falo. ;)
O que custa é o peso da responsabilidade. O cuidado de carregar um filho, sem sobressaltos e poder tê-lo perfeito nos braços. É uma bênção, uma dádiva na vida. Não sei se teremos esta mesma sorte mais do que uma vez... O certo é que, agora, a nossa prioridade és somente tu.
Ainda há muito por fazer aqui em casa, para te podermos receber na melhor das condições e só já temos 4 meses pela frente. Parece muito mas, na verdade, até nem é. Hoje completas 23 semanas dentro de mim. Além de te termos descoberto tarde, o tempo tem passado a correr! E já te mexes tanto cá dentro e tão rápido que, por vezes, a tua desenvoltura assusta! Mas tens ainda muito espaço para flutuar livremente dentro da mãe. Ainda não dói nada, nem custa carregar-te. Dou por mim a dar toques na minha barriga para ver se sinto os teus pézinhos ou mãos roçar, como já começa a ser hábito, fazendo algumas cócegas cá dentro. Outras vezes, para o pai não ficar triste, lá vais deixando que ele também te sinta cá fora. O pai até já compôs uma melodia linda para ti, onde imaginou o momento de abrires os olhinhos para nós. Vai ser perfeita para embalar as tuas sestas. Mas se preferires uma rockalhada, não chores, porque também temos cá disso! ;)
Acredito mesmo que irás deliciar-te com o pai tão talentoso e amoroso que tens, tanto quanto a mãe ainda hoje se delicia, quando olha para ele. Sim, já éramos muito felizes juntos mas, agora, toda a nossa felicidade e amor têm nome... e chama-se Tomás. ❤


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