Papilomavírus Humano (PVH)
Prevenir para vencer
Ana Paula Santos, doutorada em Farmácia, lança o alerta à população para a importância da vacina contra as infecções do PVH que, apesar de actuar de forma silenciosa, é mortal para ambos os sexos
O PVH é responsável por uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns a nível mundial e que, na realidade, pode levar à morte sem escolher o sexo, caso não seja diagnosticado atempadamente. A patologia mais grave, que se encontra associada à existência deste vírus, é o cancro do colo do útero. Desenvolve-se lentamente e de forma assintomática, ou seja, sem apresentar sintomas, e é frequente em idades mais jovens, particularmente nos primeiros anos após o início da actividade sexual. Existem cerca de 40 tipos de PVH no tracto genital, sendo 15 considerados de alto risco e responsáveis pelo aparecimento de cancro do colo do útero, entre 70% a 75% dos casos.Proprietária da Farmácia Quinta do Conde e professora na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, a farmacêutica Ana Paula Santos dá, em entrevista exclusiva ao Notícias da Zona, o alerta para esta doença, uma vez que «o nosso papel é, muitas vezes, esclarecer e informar sobre os tratamentos que as pessoas fazem».
Segundo Ana Paula, graças ao progresso da medicina, «hoje em dia, podemos ter a vantagem de estarmos vacinados contra um vírus que, por si só, pode provocar o cancro do colo do útero e ser fatal. Sabendo nós que o Estado português não tem os recursos financeiros desejáveis, teve que se impor regras para que esta vacina pudesse estar acessível ao maior número de pessoas possível, uma vez que o seu preço é avultado, exigindo a toma de três doses para que o tratamento tenha uma eficácia total. Deste modo, estão incluídas no Plano Nacional de Vacinação somente as raparigas com idades compreendidas entre os 9 e os 13 anos. Em princípio, até 2011, vai alargar-se o apoio gratuito a jovens até aos 18 anos, abrangendo assim um maior número de pessoas. Como se trata de uma doença que pode ser mortal, o Estado tem a obrigação de actuar, na defesa da população». Note-se, ainda, que esta vacina não previne apenas o cancro do colo do útero, pois «anula todas as situações de infecção, em qualquer zona do corpo».
Para todos os sexos e idades
Para Ana Paula Santos, é fundamental alertar para a prevenção do papilomavírus quanto antes, na medida em que «a infecção evolui rapidamente para uma forma cancerígena. Este vírus atinge não só o colo do útero, mas também as mucosas em geral, sendo elas de origem anal, vaginal, bocal ou zona oculares. Também atinge a pele, embora seja um vírus diferente. Uma simples verruga na pele também é um papiloma, mas, felizmente, não contamina as mucosas, assim como o vírus das mucosas não contamina a pele. O vírus, quando situado nas mucosas, representa um grande perigo, porque atinge o colo do útero facilmente, devido a ter um terreno demasiado favorável, o que faz com que se multiplique assustadoramente e evolua para a forma cancerígena, com dimensões bastante significativas. É um vírus fulminante na sua multiplicação, uma vez que numa penetração podem existir pequenas fissuras na mucosa vaginal, que são invisíveis e imperceptíveis, onde o vírus se infiltra de imediato. O PVH resiste durante 10 anos e desenvolve-se sem se manifestar».
Prosseguindo a sua explicação, a médica esclarece que «nos casos iniciais, é o pénis que contagia o corpo da mulher, de forma assintomática e invisível. E por não ser comum um homem ir ao ginecologista, não faz qualquer teste. Portanto, aconselhamos também a vacina para os homens, seja qual for a sua idade, mas, sobretudo, devem tomá-la antes de iniciarem a sua actividade sexual». Quando se tem relações sexuais usando o preservativo como forma de protecção, pensa-se estar defendido. Acontece que «existem outras formas de relação sexual, nas quais esse uso é dispensado, como é o caso do sexo anal ou oral. Nesses casos, as pessoas não estão protegidas em relação ao vírus. É por isso que a vacina deve ser tomada, de forma a provocar a produção de anti-corpos no sistema imunitário contra qualquer tipo de infecção».
A vacina contra o PVH, logo à tomada da primeira dosagem «consegue que o corpo obtenha um número elevado de anti-corpos. Na segunda dose, reforça esse tipo de anti-corpos e, à terceira e última dose, o corpo fica com anti-corpos para o resto da vida. Existem vacinas que são tomadas de 6 em 6 meses, porque o nível dos anti-corpos tem uma tendência natural para baixar. Não é este caso. Trata-se de uma vacina 100% segura. Convém salientar que quem já teve um papiloma de uma outra estirpe, não poderá tomar esta vacina. O único senão, penso que tem a ver com a questão económica», pois para quem não é gratuita, o investimento ascende a quase 500 euros.
Uma questão de consciência
Sendo a vacina a solução, a necessidade de a tomar passa, igualmente, por uma questão de responsabilidade para com os seus. «Um casal que, à partida, tenha uma vida íntima regular, assumindo o casamento com responsabilidade, não haverá esse risco», mas alerta para o facto de existir sempre a possibilidade de «alguns casais pensarem numa ‘escapadela’ fora do matrimónio, pelo que deverão ter alguma consciência e querer preservar a mãe ou o pai dos seus filhos, bem como proteger a sua própria saúde. É, de facto, uma situação semelhante à sida, em que as pessoas podem ser infectadas pelo seu parceiro, sem o saberem».
Por último, Ana Paula faz questão de ressalvar que «as pessoas, ao tomarem esta vacina, não estão dispensadas de fazer os seus exames periódicos no ginecologista, pois existem muitas outras doenças sexualmente transmissíveis e a vacina não cobre todas essas estirpes. Deve-se, por isso, deixar ao critério do médico qual a periodicidade até obter uma nova consulta. Cada caso é um caso e existem pessoas cujo historial clínico é mais susceptível ao aparecimento de determinadas doenças. A verdade é que uma doença, quando está no início, é muito difícil de detectar, mas muito fácil de tratar. Quando evolui… é muito fácil de diagnosticar, mas muito difícil de tratar. Os rastreios e a vacina são, por isso, fundamentais».
Genéricos: sim ou não?
A “BATALHA” que ultimamente tem sido travada entre a Associação Nacional de Farmácias e a Ordem dos Médicos, em relação às prescrições de medicamentos de marca, bem como de genéricos, está a deixar os utentes confusos. Muitos ficam sem saber se devem optar por um medicamento que conhecem há anos ou se deverão tomar o seu substituto por ser mais barato, indo contra a preferência de alguns médicos.
Ana Paula Santos deu-nos a sua opinião, defendendo que «é uma ‘guerra’ que, para mim, não tem razão de existir, até porque sei de excelentes relações entre médicos e farmacêuticos. No caso do meu estabelecimento, trabalhamos em perfeita sintonia. Mas é inevitável que existam interesses de parte a parte. Na farmácia, somos uma empresa cujo objectivo é melhorar a saúde dos doentes, mas para continuar a fazê-lo, temos de ter lucro. Quando nos reduzem a margem, tentamos arranjar meios para sobreviver. Felizmente, ainda existem médicos que trabalham em perfeita harmonia com os farmacêuticos e até nos dão a liberdade de optar pelo genérico que entendermos, sem sequer indicarem a marca na prescrição. Muitas vezes, colocam a sua sugestão, mas nem sequer trancam a receita. É um facto favorável, que não nos obriga a ter 50 marcas do mesmo medicamento, já que nem temos espaço para tanto». Por outro lado, confessa já ter visto algumas situações no sentido inverso, em que se nota que «os clientes ficam em pânico e até tremem quando está esgotado o medicamento que precisam. Propomos a compra do genérico, para evitar que façam uma paragem no tratamento, mas a resposta por vezes é “eu não me importo de tomar já, mas venho cá depois quando houver o medicamento que o doutor prescreveu, porque ele quer que eu leve as caixas vazias na próxima consulta, para ver se é o medicamento certo”».
Imagem: D.R.
Texto de: Sandra Mendes
Publicado in Notícias da Zona
temos que começar a mostrar a isso para a pessoas
ResponderEliminarmeu deus o que e isso
vamos mudar o nosso planeta
que orror...