SEDEADA em Palmela, a ENA – Energia e Ambiente da Arrábida é uma das várias agências sem fins lucrativos espalhadas pelo país e cuja actividade abrange os concelhos de Sesimbra, Palmela e Setúbal. Tem como missão a criação e implementação de diversas acções e projectos ligados ao ambiente e aos recursos energéticos. A actividade é desenvolvida através da introdução de tecnologias eficientes, propagando boas práticas e desenvolvendo estudos, bem como sessões de aconselhamento, formação e consultoria. A sua agência-mãe é a ADENE – Agência para a Energia que supervisiona todas as outras, para que a junção dos vários interesses locais possibilite a criação de uma estratégia em termos energéticos e de melhoria do ambiente. Tudo por um mundo melhor.
A agência abriu-me as suas portas para que conversásse com o director, Orlando Paraíba, que começou por referir que todo o seu percurso profissional está relacionado com a área da energia. «A agência ENA, pelos propósitos a que se presta, é um excelente local para levar em frente as questões ligadas à energia e à defesa do ambiente. Foi criada em 2006, financiada pela Comissão Europeia e, após toda a burocracia, no início de 2007 foi estabelecido o seu corpo técnico. Nessa altura, entrei para a agência como técnico enquanto a engenheira Cristina Daniel assumia o cargo de directora. Agora, ela é a administradora executiva da agência e sou eu quem assume o cargo da direcção. A minha função é a de aplicar no terreno aqueles que são os desígnios que a administração define como sendo o caminho a percorrer. Coloco-me entre o conselho e o corpo técnico, pondo as estratégias em prática, segundo os objectivos a ser alcançados».
Uma causa nobre
Segundo o director, a missão da ENA é «extremamente fácil e, ao mesmo tempo, acaba por ser complexa, uma vez que se pretende mudar os comportamentos das pessoas, para que tenham uma atitude mais sustentável, quer ao nível da energia, quer no âmbito do ambiente. Falo em pessoas individuais, em colectivos e em empresas. No fundo, todos nós temos de mudar a forma como se gere a energia e os recursos que nos rodeiam. Esse é o grande papel da agência. Sendo uma entidade subsidiada pela Comissão Europeia nos três primeiros anos da sua constituição, temos que aplicar localmente as grandes directivas comunitárias, conhecendo o terreno, estando perto das pessoas, autarquias e empresas».
Rita Saldanha, responsável pelo departamento de comunicação, junta-se à conversa e acrescenta que este envolvimento «também tem uma escala mundial, devido à existência das alterações climáticas. Temos relatórios subscritos por quase todos os países e existem metas a atingir para que o futuro possa ser mais risonho em termos de qualidade de vida. Agimos localmente, mas pensando globalmente».
Áreas de pesquisa
Pormenorizando sobre os estudos e projectos que a ENA efectua regularmente, Orlando Paraíba esclarece que «já realizámos um estudo sobre os ventos da região e analisámos a componente solar. Só ainda não nos dedicámos às ondas porque é uma área que ainda é um pouco embrionária e a costa desta região está altamente protegida. Também procuramos avaliar o nível da procura e oferta de energia, na perspectiva de que se pretende reduzir a procura ao mínimo, para que a oferta das energias renováveis possa responder às necessidades de todos. Iremos, ainda, preparar um plano energético para o distrito de Setúbal ainda este ano. Já fizemos a matriz energética, que caracteriza o consumo de energia, faltando analisar a energia eólica e estudar a disponibilidade da biomassa em regime para se perceber até que ponto pode ser utilizada. Ao nível solar, também já começámos a reunir alguns dados».
O modo de intervenção da ENA não se fica por aqui, uma vez que existem outros tipos de trabalhos «como as acções de formação e sensibilização. É o caso do Promotion 3e, um projecto que apresentámos a uma linha de financiamento, envolvendo um consórcio internacional de 12 parceiros em 8 países da Europa, e cuja candidatura foi aprovada. A finalidade é dar formação aos vendedores de electrodomésticos para que possam maximizar as vendas de aparelhos de alta eficiência energética. Muitos vendedores não sabem por que devemos comprar um aparelho classificado como A+ (o mais eficiente), em vez de um B ou C. Só têm a informação básica e não conseguem explicar porque é que havemos de pagar mais por um electrodoméstico de nível A+. Foi uma ideia muito bem acolhida pela Comissão Europeia e o projecto já arrancou». Por outro lado, trabalhar com as escolas é outro dos caminhos que a ENA percorre, através da rota de recolha de óleos usados, «cuja campanha irá arrancar oficialmente em pouco tempo, pretendendo-se que as crianças levem os óleos usados de casa para a escola, depositando-os em bidões que vamos distribuir».
Mudar os hábitos
Segundo Orlando Paraíba, estas acções são altamente vantajosas para as populações, pois «numa primeira análise, estão a reduzir os custos. Por exemplo, a substituição das lâmpadas normais por outras de baixo consumo levam a uma redução na factura energética, da mesma forma que há vantagens ambientais e económicas se cada indivíduo evitar andar de carro sozinho, podendo recorrer aos transportes públicos. Ao alterarem determinados hábitos, as pessoas poderão reduzir as suas despesas no dia-a-dia. Todos nós temos de perceber que fazemos parte dessa mudança e da solução do problema ambiental que já existe e do qual não podemos fugir».
Rita Saldanha aproveita para salientar que, para além da significativa redução de custos, trata-se de «uma prova de solidariedade, uma vez que é uma questão mundial que terá inúmeras consequências. Não nos podemos esquecer que existem outras pessoas no mundo!». Para exemplificar, Rita refere a problemática da água como recurso natural que devemos preservar. «Quem está em África sem água sofre os efeitos dos hábitos ocidentais de quem a utiliza mal e a desperdiça. É por isso que devemos alargar esta cadeia regional para a escala mundial, estabelecendo um cordão em defesa do ambiente. Implica uma mudança de mentalidade mas que beneficia todos. Repare no caso dos óleos usados. Muitos perguntam: ‘o que é que eu faço com o óleo?’ Nós temos a solução: ponha numa garrafa, traga para a escola ou, futuramente, para outros locais e nós tratamos do resto! Essa recolha será convertida em combustível limpo, que poderá colocar no seu carro a gasóleo».
O director da ENA relembra que «até há bem pouco tempo, a energia era um bem barato e, por isso, tínhamos a falsa ilusão de que era inesgotável, pelos inúmeros recursos energéticos que a terra possui». Mas alerta para o facto de «a política dos consumos energéticos associados ao descartável são uma perfeita barbaridade e não ajudam a que pensemos correctamente. Temos que perceber, de uma vez por todas, que a energia é um bem escasso e altamente precioso com um fim à vista. Toda a actividade humana, sejam as guerras, o tráfego automóvel ou as centrais termo-eléctricas, entre outros aspectos, tendencialmente provocam desequilíbrios no ecossistema».
Questionado sobre o porquê dos equipamentos de energia solar e térmica serem tão dispendiosos, ao ponto de impossibilitar uma maior adesão por parte da população, Orlando explica que «são caros porque os factores produtivos envolvidos têm um custo elevado. Contudo, é uma energia emergente, estando agora a começar a ser desenvolvida. A perspectiva é que em 2020 ou 2030 ela seja concorrencial com outras formas de energia, proporcionando uma baixa de custos de produção, aumentando o seu rendimento e eficiência».
«Responsabilidade e responsabilização»
Perante esta urgente necessidade de alterar os hábitos ambientais, Orlando Paraíba sublinha que a ENA «não intervém no sentido da fiscalização. O que fazemos é propor medidas e tentar incutir o espírito da responsabilidade e da responsabilização, colocando à disposição alguns mecanismos de controlo. Por exemplo, no programa ‘Rota dos óleos usados’, fazemos a monitorização da quantidade da recolha e verificamos as condições que os recolhedores têm ou não para o fazer».
Num outro projecto para os estudantes, designado “Vamos utilizar bem a energia na nossa escola”, a agência vai «promover a realização de diagnósticos realizados pelos alunos, em que damos as ferramentas através de um kit, que contém instrumentos a ser utilizados pelos alunos, para que meçam o consumo de energia e uma série de outros parâmetros energéticos, apresentando depois um diagnóstico à escola. No fim, fazemos a avaliação desses relatórios e as escolas que obtiverem melhores resultados recebem prémios. O primeiro prémio é a oferta da remodelação da iluminação da escola e o segundo prémio é a atribuição de um painel solar térmico, ambos graças a dois patrocinadores privados. É um projecto dirigido às escolas secundárias dos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, que tem tido uma excelente receptividade».
Este ano haverá, ainda, a segunda edição dos “Dias de Energia”, com várias actividades em curso, separadas no tempo e espaço, para que o impacto nas populações da região ENA seja maior. Segundo o nosso interlocutor, a iniciativa arrancará «a 29 de Maio, Dia Mundial da Energia, indo até meados de Julho, dependendo da disponibilidade de alguns espaços». Acrescenta, ainda, que a ENA está a «trabalhar com as autarquias, através de um conjunto de protocolos que estão a ser celebrados, para que os consumos de energia nos municípios sejam reduzidos. A nossa análise irá averiguar se o sistema público de iluminação é adequado ou não, propondo alternativas para poupar energia. Iremos, ainda, fazer uma forte intervenção ao nível da certificação energética dos edifícios municipais, uma vez que até 2015 terão de estar todos certificados em Portugal. Faremos, ainda, uma análise das facturas de consumo de energia eléctrica, suportadas pelas câmaras de Palmela, Sesimbra e Setúbal, permitindo detectar irregularidades relacionadas com custos desnecessários».
Sobre o jogo didáctico “A Batalha da Energia”, o teor é «sensibilizar as pessoas para melhor utilizarem a energia em suas casas e, como tal, estamos muito expectantes quanto ao resultado», confessa Orlando.
Sensibilizar as autarquias
Se há, ainda, muito para fazer, os responsáveis da ENA reconhecem que o país tem despertado para as novas políticas energéticas. «A nível nacional, já há uma maior aposta nas energias renováveis. Ao nível local, também têm sido dados passos importantes. Por exemplo, a Câmara Municipal de Palmela assinou recentemente o Pacto dos Autarcas, um compromisso voluntário que define que até 2020 serão superadas três metas: redução em 20 por cento da emissão dos gases de estufa; aumento em mais 20 por cento das energias renováveis; e aumento, também de 20 por cento, da eficiência energética. Noto que todos os concelhos têm dinâmicas diferentes, mas sinto também que tanto Sesimbra, como Palmela ou Setúbal têm essa preocupação ambiental».
Uma missão urgente
RITA Saldanha recorda um dado importante: as alterações climáticas estão a ocorrer em períodos cada vez mais curtos «porque a Terra não tem capacidade para se reequilibrar face ao mal que lhe fazemos. Temos de ser nós a adaptarmo-nos de forma a proporcionar esse equilíbrio que está em falta. Se não actuarmos já, vai chegar uma altura em que teremos de o fazer obrigatoriamente, sem que sobre muito tempo para agir». Reforça ainda o facto de Portugal estar inserido num clima mediterrâneo, para prever um futuro «preocupante do ponto de vista da seca, devido à escassez de água e ao aumento da temperatura». Por isso, defende que «também a comunicação social é fundamental, enquanto transmissora da nossa mensagem, cujo slogan é ‘Junte a sua à nossa energia’, pois só actuando todos juntos é que conseguimos melhorar o planeta».
A agência abriu-me as suas portas para que conversásse com o director, Orlando Paraíba, que começou por referir que todo o seu percurso profissional está relacionado com a área da energia. «A agência ENA, pelos propósitos a que se presta, é um excelente local para levar em frente as questões ligadas à energia e à defesa do ambiente. Foi criada em 2006, financiada pela Comissão Europeia e, após toda a burocracia, no início de 2007 foi estabelecido o seu corpo técnico. Nessa altura, entrei para a agência como técnico enquanto a engenheira Cristina Daniel assumia o cargo de directora. Agora, ela é a administradora executiva da agência e sou eu quem assume o cargo da direcção. A minha função é a de aplicar no terreno aqueles que são os desígnios que a administração define como sendo o caminho a percorrer. Coloco-me entre o conselho e o corpo técnico, pondo as estratégias em prática, segundo os objectivos a ser alcançados».
Uma causa nobre
Segundo o director, a missão da ENA é «extremamente fácil e, ao mesmo tempo, acaba por ser complexa, uma vez que se pretende mudar os comportamentos das pessoas, para que tenham uma atitude mais sustentável, quer ao nível da energia, quer no âmbito do ambiente. Falo em pessoas individuais, em colectivos e em empresas. No fundo, todos nós temos de mudar a forma como se gere a energia e os recursos que nos rodeiam. Esse é o grande papel da agência. Sendo uma entidade subsidiada pela Comissão Europeia nos três primeiros anos da sua constituição, temos que aplicar localmente as grandes directivas comunitárias, conhecendo o terreno, estando perto das pessoas, autarquias e empresas».
Rita Saldanha, responsável pelo departamento de comunicação, junta-se à conversa e acrescenta que este envolvimento «também tem uma escala mundial, devido à existência das alterações climáticas. Temos relatórios subscritos por quase todos os países e existem metas a atingir para que o futuro possa ser mais risonho em termos de qualidade de vida. Agimos localmente, mas pensando globalmente».
Áreas de pesquisa
Pormenorizando sobre os estudos e projectos que a ENA efectua regularmente, Orlando Paraíba esclarece que «já realizámos um estudo sobre os ventos da região e analisámos a componente solar. Só ainda não nos dedicámos às ondas porque é uma área que ainda é um pouco embrionária e a costa desta região está altamente protegida. Também procuramos avaliar o nível da procura e oferta de energia, na perspectiva de que se pretende reduzir a procura ao mínimo, para que a oferta das energias renováveis possa responder às necessidades de todos. Iremos, ainda, preparar um plano energético para o distrito de Setúbal ainda este ano. Já fizemos a matriz energética, que caracteriza o consumo de energia, faltando analisar a energia eólica e estudar a disponibilidade da biomassa em regime para se perceber até que ponto pode ser utilizada. Ao nível solar, também já começámos a reunir alguns dados».
O modo de intervenção da ENA não se fica por aqui, uma vez que existem outros tipos de trabalhos «como as acções de formação e sensibilização. É o caso do Promotion 3e, um projecto que apresentámos a uma linha de financiamento, envolvendo um consórcio internacional de 12 parceiros em 8 países da Europa, e cuja candidatura foi aprovada. A finalidade é dar formação aos vendedores de electrodomésticos para que possam maximizar as vendas de aparelhos de alta eficiência energética. Muitos vendedores não sabem por que devemos comprar um aparelho classificado como A+ (o mais eficiente), em vez de um B ou C. Só têm a informação básica e não conseguem explicar porque é que havemos de pagar mais por um electrodoméstico de nível A+. Foi uma ideia muito bem acolhida pela Comissão Europeia e o projecto já arrancou». Por outro lado, trabalhar com as escolas é outro dos caminhos que a ENA percorre, através da rota de recolha de óleos usados, «cuja campanha irá arrancar oficialmente em pouco tempo, pretendendo-se que as crianças levem os óleos usados de casa para a escola, depositando-os em bidões que vamos distribuir».
Mudar os hábitos
Segundo Orlando Paraíba, estas acções são altamente vantajosas para as populações, pois «numa primeira análise, estão a reduzir os custos. Por exemplo, a substituição das lâmpadas normais por outras de baixo consumo levam a uma redução na factura energética, da mesma forma que há vantagens ambientais e económicas se cada indivíduo evitar andar de carro sozinho, podendo recorrer aos transportes públicos. Ao alterarem determinados hábitos, as pessoas poderão reduzir as suas despesas no dia-a-dia. Todos nós temos de perceber que fazemos parte dessa mudança e da solução do problema ambiental que já existe e do qual não podemos fugir».
Rita Saldanha aproveita para salientar que, para além da significativa redução de custos, trata-se de «uma prova de solidariedade, uma vez que é uma questão mundial que terá inúmeras consequências. Não nos podemos esquecer que existem outras pessoas no mundo!». Para exemplificar, Rita refere a problemática da água como recurso natural que devemos preservar. «Quem está em África sem água sofre os efeitos dos hábitos ocidentais de quem a utiliza mal e a desperdiça. É por isso que devemos alargar esta cadeia regional para a escala mundial, estabelecendo um cordão em defesa do ambiente. Implica uma mudança de mentalidade mas que beneficia todos. Repare no caso dos óleos usados. Muitos perguntam: ‘o que é que eu faço com o óleo?’ Nós temos a solução: ponha numa garrafa, traga para a escola ou, futuramente, para outros locais e nós tratamos do resto! Essa recolha será convertida em combustível limpo, que poderá colocar no seu carro a gasóleo».
O director da ENA relembra que «até há bem pouco tempo, a energia era um bem barato e, por isso, tínhamos a falsa ilusão de que era inesgotável, pelos inúmeros recursos energéticos que a terra possui». Mas alerta para o facto de «a política dos consumos energéticos associados ao descartável são uma perfeita barbaridade e não ajudam a que pensemos correctamente. Temos que perceber, de uma vez por todas, que a energia é um bem escasso e altamente precioso com um fim à vista. Toda a actividade humana, sejam as guerras, o tráfego automóvel ou as centrais termo-eléctricas, entre outros aspectos, tendencialmente provocam desequilíbrios no ecossistema».
Questionado sobre o porquê dos equipamentos de energia solar e térmica serem tão dispendiosos, ao ponto de impossibilitar uma maior adesão por parte da população, Orlando explica que «são caros porque os factores produtivos envolvidos têm um custo elevado. Contudo, é uma energia emergente, estando agora a começar a ser desenvolvida. A perspectiva é que em 2020 ou 2030 ela seja concorrencial com outras formas de energia, proporcionando uma baixa de custos de produção, aumentando o seu rendimento e eficiência».
«Responsabilidade e responsabilização»
Perante esta urgente necessidade de alterar os hábitos ambientais, Orlando Paraíba sublinha que a ENA «não intervém no sentido da fiscalização. O que fazemos é propor medidas e tentar incutir o espírito da responsabilidade e da responsabilização, colocando à disposição alguns mecanismos de controlo. Por exemplo, no programa ‘Rota dos óleos usados’, fazemos a monitorização da quantidade da recolha e verificamos as condições que os recolhedores têm ou não para o fazer».
Num outro projecto para os estudantes, designado “Vamos utilizar bem a energia na nossa escola”, a agência vai «promover a realização de diagnósticos realizados pelos alunos, em que damos as ferramentas através de um kit, que contém instrumentos a ser utilizados pelos alunos, para que meçam o consumo de energia e uma série de outros parâmetros energéticos, apresentando depois um diagnóstico à escola. No fim, fazemos a avaliação desses relatórios e as escolas que obtiverem melhores resultados recebem prémios. O primeiro prémio é a oferta da remodelação da iluminação da escola e o segundo prémio é a atribuição de um painel solar térmico, ambos graças a dois patrocinadores privados. É um projecto dirigido às escolas secundárias dos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, que tem tido uma excelente receptividade».
Este ano haverá, ainda, a segunda edição dos “Dias de Energia”, com várias actividades em curso, separadas no tempo e espaço, para que o impacto nas populações da região ENA seja maior. Segundo o nosso interlocutor, a iniciativa arrancará «a 29 de Maio, Dia Mundial da Energia, indo até meados de Julho, dependendo da disponibilidade de alguns espaços». Acrescenta, ainda, que a ENA está a «trabalhar com as autarquias, através de um conjunto de protocolos que estão a ser celebrados, para que os consumos de energia nos municípios sejam reduzidos. A nossa análise irá averiguar se o sistema público de iluminação é adequado ou não, propondo alternativas para poupar energia. Iremos, ainda, fazer uma forte intervenção ao nível da certificação energética dos edifícios municipais, uma vez que até 2015 terão de estar todos certificados em Portugal. Faremos, ainda, uma análise das facturas de consumo de energia eléctrica, suportadas pelas câmaras de Palmela, Sesimbra e Setúbal, permitindo detectar irregularidades relacionadas com custos desnecessários».
Sobre o jogo didáctico “A Batalha da Energia”, o teor é «sensibilizar as pessoas para melhor utilizarem a energia em suas casas e, como tal, estamos muito expectantes quanto ao resultado», confessa Orlando.
Sensibilizar as autarquias
Se há, ainda, muito para fazer, os responsáveis da ENA reconhecem que o país tem despertado para as novas políticas energéticas. «A nível nacional, já há uma maior aposta nas energias renováveis. Ao nível local, também têm sido dados passos importantes. Por exemplo, a Câmara Municipal de Palmela assinou recentemente o Pacto dos Autarcas, um compromisso voluntário que define que até 2020 serão superadas três metas: redução em 20 por cento da emissão dos gases de estufa; aumento em mais 20 por cento das energias renováveis; e aumento, também de 20 por cento, da eficiência energética. Noto que todos os concelhos têm dinâmicas diferentes, mas sinto também que tanto Sesimbra, como Palmela ou Setúbal têm essa preocupação ambiental».
Uma missão urgente
RITA Saldanha recorda um dado importante: as alterações climáticas estão a ocorrer em períodos cada vez mais curtos «porque a Terra não tem capacidade para se reequilibrar face ao mal que lhe fazemos. Temos de ser nós a adaptarmo-nos de forma a proporcionar esse equilíbrio que está em falta. Se não actuarmos já, vai chegar uma altura em que teremos de o fazer obrigatoriamente, sem que sobre muito tempo para agir». Reforça ainda o facto de Portugal estar inserido num clima mediterrâneo, para prever um futuro «preocupante do ponto de vista da seca, devido à escassez de água e ao aumento da temperatura». Por isso, defende que «também a comunicação social é fundamental, enquanto transmissora da nossa mensagem, cujo slogan é ‘Junte a sua à nossa energia’, pois só actuando todos juntos é que conseguimos melhorar o planeta».
Texto de: Sandra Mendes
Crédito da Foto: DR
Bravo, your opinion is useful
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